FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
AULA 1
1.O que é Filosofia
A palavra FILOSOFIA se originou de outras duas palavras:
Filo = Amizade, amor, paixão (afeto)
Sophya = conhecimento, sabedoria.
Utilizada pela primeira vez por Pitágoras de Samos (570 a 490 a.C), a palavra designava “o amor pelo conhecimento verdadeiro”, ou seja, o filósofo é o “amante do saber”, no sentido de que ele é “afetado” pelo conhecimento. Por isso, diante da realidade o filósofo se “espanta”, se “afeta”.
Os gregos antigos diferenciavam dois tipos de conhecimento:
Por estar fundamentado na opinião e nos sentidos, a Doxa não era considerada como conhecimento válido, embora fosse o conhecimento mais comum presente no Ser Humano.
A Filosofia, em sua origem, por volta do século VI e V a.C., tinha como característica principal a busca pela Sabedoria através do uso metódico da razão. Nesse sentido, ela buscava diferenciar-se do Mito, a forma de conhecimento predominante no fornecimento de explicações para s fenômenos da Natureza, para as causas e os fins de tudo o que existia.
Da origem do mundo e do homem até a finalidade da vida humana, tudo era “explicado” pelos mitos.
Os Mitos eram narrativas (historias) contadas pela tradição oral, cuja finalidade era explicar, dar sentido á realidade.
A presença das divindades (deuses) e a magia eram as principais características da narrativa mitológica.
A Filosofia e o mito
O mito, contado de geração em geração pela tradição oral, explicava a realidade a partir da força mágica dos deuses que intervinham na realidade, manipulavam os fenômenos, controlavam os homens e dominavam o mundo.
Os mitos foram fundamentais para que o mundo antigo tivesse algum sentido. Contudo, diversos fatores passaram a fazer com que as explicações mitológicas se tornassem insuficientes para explicar a realidade. Nesse momento, uma nova forma de explicação começa a surgir... A filosofia.
A – Fatores Geográficos: A região da Grécia (onde nasceu a Filosofia) era cortada por vales e montanhas, portanto, inadequada para a expansão da agricultura. Isso fez com que a principal atividade econômica da região fosse o pequeno comércio, em sua maior parte, marítimo. Essa característica possibilitou que os gregos tivessem contato com diversos outros povos.
B – Fatores Econômicos: O intenso comércio forçou os gregos a adoção de unidades comuns de valores (moedas), o que facilitou a construção de um sistema lógico de pensamento.
C – Fatores Culturais: O contato com outros povos permitiu aos gregos a expansão cultural suficiente para não permanecerem fechados no seu próprio modelo.
D – Fatores Políticos: Devido à sua formação geográfica, não existiu entre os gregos um poder centralizado (como o do Faraó, no Egito, por exemplo), ou seja, a Grécia era formada por diversas cidades autônomas e independentes, denominadas Polis (ou cidade-estado).
De modo geral, inúmeros fatores contribuíram para o surgimento da Filosofia, contudo, mesmo com a Filosofia, os mitos não perderam sua força, mas foram lentamente cedendo espaço para as teorias filosóficas.
Depois de ler atentamente o texto, assista também aos vídeos indicados. Basta clicar no link.
https://www.youtube.com/watch?v=KuPYR5fuHr8&hd=1 Filosofia: O que é? Para que serve? (Autora: Lívia Frazão. Duração 4:13 min)
https://www.youtube.com/watch?v=fGxrFw9RBQk&hd=1 Filosofia: O que é isto? (Autor: Paulo Ghiraldelli Jr. Duração 5:13 min)
https://www.youtube.com/watch?v=DHSobPyPD08&hd=1 A origem da Filosofia (Autor: Svem Bork. Duração: 4:08 min). Obs* Vídeo produzido por alunos de 1º Colegial)
https://www.youtube.com/watch?v=bz9wBXaQr0w&hd=1 Telecurso. Aula 1. Origem da Filosofia
AULA 2
2.O que é Educação.
Este pequeno texto tem como finalidade ser um material de apoio para o tema desenvolvido em sala nas primeiras aulas da disciplina “Filosofia da Educação”, cuja finalidade é, demarcar uma definição conceitual de Educação a fim de compor, no âmbito da disciplina, uma melhor compreensão dos conteúdos que serão apresentados.
Iniciamos pela tentativa de definição do que vem a ser Educação. Certamente essa já não é uma tarefa fácil, visto que em cada momento, em cada fase do desenvolvimento histórico da humanidade, a Educação se caracterizou por fatores diferentes, o que implica dizer que, para definir Educação, precisamos antes informar em que contexto a estamos tomando.
Nesse caso, pretendo afirmar que, o que buscamos é uma noção geral do termo Educação, sem maiores aprofundamentos, já que teremos oportunidade de fazê-lo em outros momentos da disciplina.
Iniciaremos nossa compreensão pela busca das raízes da palavra “educação”.
Para alguns autores, como J. Carlos Libâneo (2002), a palavra Educar se origina do latim Educare e significa “conduzir de um estado a outro”, ou seja, é modificar algo para uma direção diferente, e possível. Nesse sentido, podemos dizer que a Educação é uma ação (na verdade é um processo, mas avançaremos nesse conceito mais adiante) de fora para dentro do indivíduo.
Outros autores, entretanto, como FULATT (1995) compreendem que a Educação se origina, de forma ainda mis antiga, do latim ducere[1] que compõe a matriz etimológica de Educare e significa “retirar de dentro”, ou seja, trata-se de uma ação (ou processo) no qual, por uma ação mediadora, o educando (pessoa a quem essa ação ou processo se destina) faz desabrochar de si o conhecimento.
Embora possa parecer bastante ambíguo, ambos os vocábulos se relacionam com a educação, pois, na Grécia antiga, pareciam acreditar que introduzir uma pessoa no mundo culto, letrado era levá-la para fora de si mesma.
Historicamente, essas duas concepções sempre se fizeram presentes na cultura ocidental, ora contemplando a educação como ação externa ao educando, ora contemplando a educação como ação interna do mesmo. Há ainda momentos em que as duas abordagens aparecem juntas.
Dessa forma, para definir educação, então, precisamos antes delimitar em que contexto histórico a estamos considerando, pois, são vários os fatores que podem influenciar na compreensão do que possa ser a educação. No nosso caso, nos interessa particularmente compreender a educação enquanto processo no qual acontece - simultaneamente - os atos de ensinar e de aprender.
A diferença entre ato e processo é que o ato pressupõe uma ação findada, ou seja, realizada e finalizada, já a ideia de processo remete a um conjunto de elementos dinâmicos e interacionais, em movimento.
Se a Educação engloba o ensinar e o aprender, trata-se então de um fenômeno observado em todas as sociedades, pois está relacionado à própria manutenção do grupo, a partir da transposição, geralmente aos mais novos, do jeito de ser, estar e agir aceitos dentro do grupo pelos membros mais velhos. Sob esse aspecto, a Educação apresenta, então, duas dimensões; uma conservadora – enquanto é responsável pela transmissão dos elementos de uma geração a outra – e uma inovadora – enquanto se altera e altera o grupo na medida em que esses elementos mais novos trazem para o grupo novas percepções e novos valores – que juntas conferem à Educação uma dinâmica de processo.
A educação também pode ser vista e compreendida do ponto de vista de sua finalidade. Sob esse aspecto ela pode ser compreendida como o processo desenvolvido para permitir aos indivíduos a sua inserção no grupo ou pode ser vista como elemento de diferenciação social, no qual o indivíduo tende a de destacar do grupo.
Vista como mecanismo de inserção, é possível considerar como finalidades educacionais a socialização[2] ou a endoculturação[3], ao passo que, vista como elemento de diferenciação social, é possível considerarmos a qualificação profissional, por exemplo, como uma das finalidades educacionais.
Enquanto processo de sociabilização, a Educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, ela coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes, como veremos mais adiante.
Enquanto processo de diferenciação social, a Educação acontece em espaços determinados, com atuação específica de componentes técnicos e objetivos bastante determinados.
Quando nasce a educação?
A resposta a essa pergunta poderia nos parecer a princípio bastante fácil. Ora, desde que o Homo sapiens surgiu na face da terra, entre 200 a 150 mil anos atrás, na África (segundo as teorias mais aceitas atualmente) e que um indivíduo sentiu a necessidade de ensinar a outro os mecanismos necessários para a própria sobrevivência, podemos dizer que desde esse momento já existiu a educação. Contudo, isso nos dá uma noção muito vaga de nosso objeto. Cabe-nos compreender aqui, a partir de quando o homem passou a se interessar de modo objetivo por essa função, ou seja, a partir de quando ele assumiu a consciência desse processo?
É certo sobre esse início, que somente o encontraremos nas formas mais avançadas de cultura, e nesse caso, precisamos voltar nosso olhar para as grandes civilizações, como a Suméria (desde 10.000 a.C, é a civilização mais antiga de que se tem notícia); a Egípcia, (desde 6.000 a.C) e a Civilização grega (a partir de 2000 a.C) da qual somos culturalmente herdeiros.
A importância de se conhecer a Grécia da Antiguidade (que se desenvolveu entre 2000 a.C. e 500 a.C.) é que a herança de sua cultura atravessou os séculos, chegando até os nossos dias. Foram influências no campo da filosofia, das artes plásticas, da arquitetura, do teatro, enfim, de muitas ideias e conceitos que deram origem às atuais ciências humanas, exatas e biológicas.
No entanto, não podemos confundir a Antiguidade grega com o país Grécia que existe hoje. Os gregos atuais não são descendentes diretos desses povos que começaram a se organizar há mais de quatro mil anos. Muita coisa se passou entre um período e outro e aqueles gregos antigos perderam-se na mistura com outros povos. Depois, a Grécia antiga não formava uma nação única, mas era composta de várias cidades, que tinham suas próprias organizações sociais, políticas e econômicas.
Apesar dessas diferenças, os gregos tinham uma só língua, que, mesmo com seus dialetos, podia ser igualmente compreendida pelos povos das várias regiões que formavam a Grécia. Esses povos tinham também a mesma crença religiosa e compartilhavam diversos valores culturais. Assim, os festivais de teatro e os campeonatos esportivos, por exemplo, conseguiam reunir pessoas de diferentes lugares da Hélade, como se chama o conjunto dos diversos povos gregos.
Após ler atentamente o texto acima,
- Estabeleça a possível relação entre Filosofia e Educação.
- Qual poderia ser, em sua opinião, o objeto e o objetivo de uma Filosofia da Educação?
As questões poderão ser desenvolvidas em forma de texto, em duplas, e entregues ao professor no término da aula.
AULA 3
3.Filosofia e Filosofia da Educação
“Não pretendo lhes ensinar filosofia, mas a filosofar”.
Immanuel Kant (1724-1804); filósofo alemão.
O que o filósofo pretendia que seus alunos compreendessem é que para filosofar é necessário “pensar por si só”, ter sua própria “opinião”, seu próprio conhecimento.
Como já vimos, o termo filosofia se origina do verbo “philosophein” e indica “Amar a Sabedoria”. Ser sábio, por sua vez, significa ser capaz de realizar uma reflexão acerca da vida e do mundo.
A FILOSOFIA não é a “sophya” mesma (= sabedoria), mas a busca que se realiza, a procura pela sabedoria. Assim, a essência da Filosofia é a BUSCA do Saber, e não sua POSSE.
O trabalho do Filósofo é a “reflexão” = “reflectere” e tem o sentido de “voltar atrás”, revisar, reexaminar, espantar-se.
Exigências da reflexão filosófica
Não é toda reflexão que é filosófica, assim como não é a Filosofia o único método para reflexão. Para que a reflexão seja filosófica cabe cumprir algumas exigências fundamentais:
a) RADICAL: a reflexão filosófica é aquela que vai à raiz da questão, ou seja, é uma reflexão em profundidade. Quando mais radical for a reflexão, tanto mais exigirá do seu autor.
b) RIGOROSA: a reflexão para ser filosófica deve ser realizada sistematicamente segundo métodos determinados (indução, dedução) eliminando do conhecimento o senso comum, as generalizações apressadas, as contradições, as lacunas.
c) DE CONJUNTO: a reflexão filosófica não pode ser uma reflexão parcial (como a da ciência), mas precisa estar relacionada e fundada em um contexto. Ela não tem objeto determinado, pois, atua em qualquer campo da realidade, desde que ele seja “problemático”. Seu campo de atuação é o problema, enquanto não se sabe ainda onde ele está.
A FILOSOFIA: Abre caminho para a ciência, pois, a reflexão localiza o problema e torna possível a sua delimitação nessa ou naquela área (científica). A ciência, por sua vez, investiga e busca solucioná-lo. É nesse momento que o filósofo sai da cena.
A FILOSOFIA: Somente reflete sobre o objeto no seu contexto, enquanto que para a ciência, ao contrário, é necessário “isolar” o fato problemático para solucioná-lo.
A FILOSOFIA: É a ciência dos fundamentos da realidade. Quando a ciência para (absolutiza, dogmatiza), a Filosofia começa...
A ciência conhece è a Filosofia pergunta: o que é conhecer? O que é o conhecimento? É possível conhecer? O que é possível conhecer?
A ciência estabelece as “leis da natureza” è a Filosofia pergunta: o que é a lei?
A FILOSOFIA é uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta.
A Educação é o processo no qual, por meio de conteúdos, acontece a relação entre ensinar e aprender.
Portanto, a FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO é a reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade educacional apresenta.
A Filosofia da Educação:
- não estabelece métodos e técnicas de educação;
- não visa fornecer os meios da educação;
- não se ocupa do comportamento ou do relacionamento estabelecido entre pais e filhos, professores alunos etc;
- não é Psicologia, Sociologia ou Pedagogia, (estas são ciências da educação).
Mas a reflexão radical da filosofia nos leva a:
- o homem NECESSITA ser educado?
- o homem PODE ser educado?
- o que é educação?
- a educação pode ser libertadora?
REFERÊNCIAS
PILETTI, Claudino. Filosofia da Educação. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1994. Páginas 13 a 22.
SÍNTESE:
A Filosofia da Educação tem por finalidade realizar uma crítica do processo educacional, de modo que essa crítica se estabeleça dentro dos moldes da atitude filosófica, isto é, como estranhamento, questionamento e busca de respostas.
Não compete á Filosofia da Educação concorrer com os objetos das ciências, enquanto método de investigação da realidade, mas, desvendar os fundamentos da realidade educacional, seus contextos, suas limitações etc, e a partir disso, buscar um sentido para os mesmo.
[1] Educare, vem latim, onde significava “educar, instruir” e também “criar”. Essa palavra é composta por ex, “fora”, e ducere , “guiar, conduzir, liderar”.
[2]Socialização é a assimilação de hábitos característicos do seu grupo social, todo o processo através do qual um indivíduo se torna membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. É um processo contínuo que nunca se dá por terminado, realizando-se através da comunicação, sendo inicialmente pela "imitação" para se tornar mais sociável. O processo de socialização inicia-se, contudo, após o nascimento, e através, primeiramente, da família ou outros agentes próximos, da escola, dos meios de comunicação de massas e dos grupos de referência que são compostos pelas nossas bandas favoritas, atores, atletas, super-heróis, etc. A Socialização é o processo através do qual o indivíduo se integra no grupo em que nasceu adquirindo os seus hábitos e valores característicos. É através da socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade. A socialização é, portanto, um processo fundamental não apenas para a integração do indivíduo na sua sociedade, mas também, para a continuidade dos sistemas sociais.É o processo de integração do indivíduo numa sociedade, apropriando comportamentos e atitudes, modelando-os por valores, crenças, normas dessa mesma cultura em que o indivíduo se insere. (disponível em http://www.wikipedia.org/wiki/Socializaçãoacesso em 3/10/2012)
[3]Endoculturação é o processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte.Este processo de aprendizagem é permanente, desde a infância até à idade adulta de um indivíduo. À medida que o indivíduo nasce, cresce, e desenvolve, ele aprende envolvendo-se cada vez mais, a agir da forma que lhe foi ensinado. Dessa forma, o comportamento dos indivíduos depende de um processo de aprendizado cultural, chamado endoculturação ou socialização. Pessoas de sexos ou raças diferentes possuem comportamentos diferentes, não em função de transmissão genética ou do ambiente que vivem, mas pela educação diferenciada que cada um recebeu. Concluímos que a cultura é que determina a diferença de comportamento dos homens; é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer hábito adquirido pelo homem enquanto membro de uma sociedade. (disponível em http://www.dicionarioinformal.com.br/endoculturação acesso em 3/10/2012)
A U L A 4
O CONHECIMENTO
Definição
Ato ou processo ou capacidade que o indivíduo tem de assimilar e processar informações a fim de produzir ou modificar comportamentos.
Classificação
- Conhecimento Tácito: do latim “tácitus” = silencioso, implícito. Aquilo que não pode ser expresso por palavras. Refere-se, portanto, ao conhecimento que o indivíduo adquire ao longo da vida. Não é facilmente formalizado. É subjetivo e inerente às habilidades da pessoa.
- Conhecimento Explícito: conhecimento formal, claro e de fácil comunicação. Tudo que formalize, exprime, explique ou declare determinado conhecimento.
Representacionismo: para conhecer realizamos diversos processos
- 1º Observação: pelos nossos sentidos nós captamos (notamos) informações (imagem, som, cheiro etc) do objeto. Aqui atuam nossos sentidos e o sistema nervoso central
- 2º Abstração: Abstraímos as características sensíveis do objeto
- 3º Formulação: (no intelecto) formulamos a Imagem Mental que representa o objeto (= ideia).
==================================================
- 4º Reflexão: do latim “reflectere” = voltar atrás, reexaminar. Realizamos diversas operações mentais:
* Inferências
* Analogias
* Induções Pensar o próprio Pensamento.
* Deduções (processar, relacionar, organizar...)
* Hipóteses movimentar as ideias = Pensamento.
* Sínteses
“O conhecimento é um fenômeno baseado em “representações” mentais que fazemos do mundo”. (Maturana, 2001: 146).
O Conhecimento é uma representação do objeto na mente do sujeito.
Elementos Fundamentais do Conhecimento
- Sujeito Cognoscente: É o sujeito que realiza o ato de Conhecer.
- Objeto Cognoscível: É o que será conhecido
Na relação do conhecimento, tudo pode ser objeto do conhecimento, inclusive o próprio sujeito (REFLEXÃO).
O que o sujeito tem que lhe permite conhecer?
-SENSAÇAO: apreensão imediata que o sujeito faz do objeto por meio dos órgãos sensoriais (dos sentidos: tato, olfato, visão, audição e paladar) apropriados para captá-los, e através de impulsos (fluxos elétricos) conduzi-los aos centros de decodificação.
-PERCEPÇÃO: Configuração individual dos dados sensoriais recebidos. É a consciência da sensação. É caracterizada pela apreensão da realidade como uma totalidade organizada e portadora de sentido.
- RAZÃO: Elaboração de representações mentais abstratas (conceitos, discursos, relações lógicas, teorias interpretativas sobre a realidade).
OBJETO: Características sensíveis {forma, cor, gosto, som, etc.}
Observe na Figura abaixo como seria uma espiral do conhecimento
Fonte da Imagem: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80) – adaptado. Disponível em http://neigrando.wordpress.com/2010/03/22/introducao-a-gestao-do-conhecimento-nas-organizacoes/ acesso em 01/03/2014.
Segundo os autores, o conhecimento dos processos de Socialização, Externalização, Combinação e Internalização são ferramentas fundamentais para a gestão do conhecimento
AULA 5
PRINCIPAIS PROBLEMAS DO
CONHECIMENTO
Gnosiologia
Teoria do Conhecimento [é a área da Filosofia que se dedica à
Crítica do Conhecimento investigação sobre o conhecimento]
Epistemologia
Conhecimento é a representação adequada do objeto à mente do sujeito.
“A mente é um espelho da Natureza” (Rorty 1931-2007)
Verdade e falsidade, portanto, dependem da “adequação” da imagem produzida à realidade.
Observe no organograma abaixo as principais questões que envolvem o conhecimento
(A) Relação Sujeito Objeto
Sendo o Sujeito e o Objeto os dois polos do conhecimento, a qual deles pertence a primazia no conhecimento, ou seja, quem é mais fundamental no processo de conhecer?
Questão: É o sujeito que conhece (desvela o objeto) ou é o objeto que se revela ao sujeito?
As principais respostas
Realismo: Afirma que o objeto é determinante no processo de conhecimento, ou seja, ao conhecer, conhecemos aquilo que o objeto REALMENTE é em si. “Quem determina o conhecimento é o objeto”
Idealismo: Afirma quea percepção da realidade é produzida pela consciência do sujeito. “Quem determina o conhecimento é a consciência”.
(B) Fontes do Conhecimento
Sendo que no conhecimento estão envolvidas a razão e a experiência, em qual deles se origina (começa) o conhecimento?
As principais respostas
A razão: Racionalismo: Há na mente do sujeito princípios lógicos fundamentais (= ideias inatas), os quais tornam possíveis as representações verdadeiras. O principal representante dessa teoria é o filósofo francês René Descartes – 1596-1650.
A Experiência. Empirismo: As ideias se originam das percepções sensoriais (sentidos). Nada há na mente que não tenha antes passado pelos sentidos. “O sujeito é uma folha de papel em branco (tábula rasa) que vai sendo escrita pela sensação”. (John Locke 1632-1704).
--> Posição intermediária O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) formulou uma resposta intermediaria entre os princípios do empirismo e do racionalismo, o apriorismo.
Apriorismo Kantiano: De acordo com Kant, o sujeito tem formas a priori (=que são anteriores à experiência) de sensibilidade e entendimento. As formas a priori de sensibilidade possibilitam a experiência e fornecem o “conteúdo” do conhecimento. Já as formas a priori de entendimento determinam o conhecimento, pois, organizam o conteúdo da experiência.
(C) Possibilidade do conhecimento
Ao conhecermos o objeto, o conhecemos na sua essência, ou conhecemos somente o fenômeno (aquilo que aparece do objeto)
Questão: “é possível conhecer a verdade”? Aquilo que o objeto é na sua essência, na sua realidade intrínseca?
Várias respostas foram formuladas para essa questão:
Se a resposta é “Sim”, é possível conhecer a verdade do objeto, então temos o dogmatismo.
- dogmatismo ingênuoè“conhecemos o mundo tal como ele é (senso comum)”. O mundo é o que eu conheço.
- dogmatismo crítico èé possível conhecer, mas dentro de “determinadas” condições somente. (Método + razão + ciência)
Se a resposta for “não”, não é possível conhecer a verdade do objeto, então temos o ceticismo.
- ceticismo absoluto èPirrônico = Pirro (365-275 aC). Não é possível conhecer a verdade, pois, os sentidos podem induzir ao erro, e a razão também não atinge a certeza (ex: as contradições entre as pessoas)
- ceticismo relativo èPosição moderada. Nega parcialmente a possibilidade de conhecer. Há várias tendências de ceticismo relativo:
-Subjetivismo: afirma que o conhecimento é uma relação subjetiva e pessoal entre o sujeito e a realidade, segundo Protágoras, o Homem é a medida de todas as coisas.
- Relativismo: afirma que somente há verdades relativas, que dependem do tempo, do espaço, do contexto etc.
- Probabilismo: afirma que não podemos alcançar a verdade plena, apenas uma verdade provável.
- Pragmatismo: afirma que verdadeiro é o que é útil para a vida prática.
Há uma posição intermediária entre o ceticismo e o dogmatismo, elaborada pelo filósofo alemão Immanuel Kant, o criticismo.
- Segundo o criticismo kantiano, é possível conhecer, mas somente dentro de certas condições e sobre determinados aspectos. Podemos conhecer dentro das categorias de espaço e tempo.
Observe as teorias no diagrama abaixo
Considerações sobre a Aula 5
Desde que despertou para a consciência, o Ser humano tem se debruçado sobre as perguntas fundamentais que lhe constituem sentido para a própria existência. A problemática em torno do conhecimento é um dos temas mais ricos da investigação filosófica, e apesar da multiplicidade de teorias apresentadas, está longe ainda de ser conclusiva, pois, á medida em que novos conhecimentos são produzidos acerca do Ser Humano e sua capacidade de conhecer, novos recursos tecnológicos também tornam essa investigação ainda mais incipiente. Novos problemas são colocados, novos desafios são lançados, e o homem, como o “caniço pensante” (Spinoza) que é, se lança cada vez mais nessa aventura de se descobrir e alargar ainda mais seus horizontes e seus limites.
Conhecer não é um processo tão simples, e compreender tal processo é uma tarefa ainda mais complexa, sobretudo se a considerarmos de forma radical, rigorosa e de conjunto, como deve ser a análise filosófica. No processo, fenômeno ou ato de conhecer estão implicados elementos que não podem ser apreendidos de modo imediato, questões não são respondidas de modo unânime, problemas que não se colocam sob uma única perspectiva. No conhecimento podemos vislumbrar boa parte da complexidade que é o Ser humano.
Desejo que as discussões apresentadas sobre o tema "Conhecimento" tenham servido como motivação para investigarem ainda mais o tema, pois sabemos que ainda existem muitas questões a serem apresentadas, e muitas dificuldaes a serem superadas. Contudo, as dificuldades e a complexidade devem ser o combustível que motivam o educador, afinal, CONHECIMENTO é a matéria prima do seu trabalho.
Prof Claudemir Oliveira